Meu Sósia da Guarda
Em mim disfarçado,
Freqüenta comícios,
Orienta negócios,
Preside debates,
Entende as mulheres.
Se o caso é finanças
Tem dom de finanças,
Caminha solene
Em mar agitado,
Redige notícias,
Enfrenta platéias
Tem cores no esporte,
Tem voz empostada
E gestos de mágico.
Meu Sósia da Guarda
Vivendo a abordagem
Vestido de audácia
Com riso atrevido
E lágrima exata.
- Na hora da morte
Lembrai-vos de alguém
Que longe se encontre
Do ser indefeso
Que vossa piedade
Velar entre círios;
Fixai o marfim
Daquele perfil
Plasmado do meu.
Senti a fraqueza
Das mãos sobre o peito
O “quê” chapliniano
Dos negros sapatos

No mundo deserto,
O terno de festa
(Canteiro de flores),
A boca sem beijo
Sorrindo de leve,
Olhai tudo aquilo
Com olhos piedosos;
Fazei vossas preces;
Vesti vosso luto,
Guardai com respeito
Aquele que foi
Durante uma vida
Meu Anjo-Paciência,
Meu Anjo-Mentira,
Meu Sósia da Guarda!