Tecendo as horas do seu tempo,

Por todo o tempo, Paulo Bomfim

Vem plantando sementes de amor

E pensamentos peregrinos em seu jardim.

 

Seus versos provocam lágrimas e risos,

Prazeres e reflexões, suspiros e melodias,

Abrasando-nos de emoções o peito,

Quando nexo e reflexo emergem das fantasias.

 

Pois, dizem da beleza da vida e da morte,

Das espumas jorrando sobre as areias,

E da eternidade perfumada de seus poemas

Ecoados ao vento pelas vozes molhadas das sereias.

 

Também, seus sonetos, por vezes inquietantes

- Vestindo trajes de rico e esmerado rigor -,

Respiram no ritmo de suas inspirações,

Expressando, tão só, verdades de amor.

 

Traz-nos o poeta, poemas de letras vivas

Com sonora claridade e o brilho da safira

Sob um sol de iluminada manhã primaveril,

E emoldurados pela suavidade de uma lira.

 

Canta ao ritmo do gorjear dos pássaros,

Encantando-nos com a messe de seus sonhos,

Dos quais florescem alquimias enoveladas

De amor, ainda quando pareçam tristonhos.

 

Tristezas derramadas por lembranças

Tecidas ao longo de seus passos largos,

Cruzando uma vida quase centenária,

De bonanças e de momentos amargos.

 

Fidalgo destino de quem é gigante,

Mas que, nascido no jardim dos humanos,

Sente, também, o giro do ponteiro das horas,

Enquanto flui com a dimensão dum oceano.

 

Em sua rica lavoura de palavras,

Evoca deuses e divindades

- Suas almas vivas e ancestrais

À magia da criação - sua verdade.

 

Segue desfraldando púrpuras imagens,

Cirandas, canções de roda, e arrepios à alma,

Envoltos de saudades e alvoradas rubis...

Lirismo e encanto que reluz e acalma.

 

Paulo Bomfim é um peregrino da vida.

É poeta predestinado a seduzir o Sol e o mar

Com seus jograis de pérolas brotados

Nos quintais da luz que nos faz sonhar.

 

E, por todo este tempo em que Paulo Bomfim

Rebrilha pelo tempo dos seus noventa anos,

Atravessados com a galhardia dos mestres,

Segue afagando nossos corações humanos.

 

Ele, o amigo de voz mansa e cristalina,

Envolto dum astral único, mas torrente,

Que galopa as cores do campo das belezas

De um reino encantado... Mágico... Luzente.

 

Razão pela qual, nesta hora de justos aplausos,

Minha voz adeja sob os céus dos arrebóis,

Seduzida pelo gorjear do nosso poeta maior,

Ornado de louros-e com o brilho dos girassóis.