Os pássaros e a varanda - Ao Poeta Paulo Bomfim

O edifício cinquentão com dezenas de varandas e janelas, meio ao frenético trânsito da rua à sua frente, desfruta ainda hoje de alegria, por ter num de seus balcões o ponto de confraternização diuturna do passaredo.

Bem-te-vis, sabiás, beija-flores, maritacas e rolinhas vêm de todos os lados e ali permanecem sem que sejam atraídos por uma amoreira, jabuticabeira ou pitangueira. Quiçá, o atrativo resulte do aroma dos quitutes da cozinha que teima em transpor a porta-balcão.

As rolinhas invadem a casa, passeiam pela sala e quartos, procurando talvez pela gentil e afável senhora do lar, que outrora caminhava com elas, penduradas nas pernas e sobre os pés, convidadas somente pela luminosidade da alma.

Após sua partida continuam a comparecer todos os dias, seduzidas pela áurea de Maria Felicidade, adornando o ambiente. Os homens e os pássaros às vezes cirandam em revoada, mas naquela varanda os pássaros são assíduos como os amigos, poetisa o pai de Antonio Triste.

Elaine Vincenzi Silveira e,

Mario Antonio Silveira