Um dia partirei com minhas malas,

(Espaços que carrego pela vida),

com pássaros-gravatas e a medida

Do verde exato para tantas galas.

 

E quando me cansar de carregá-las,

Nelas colocarei a despedida,

A cantiga de amor mais pressentida,

O vôo do silêncio e as grandes falas.

 

Irão cheias de sol, de bom agouro,

Com vastas solidões e meus remédios,

E bois pastando a mansidão do couro.

 

E quando alguém gritar na noite nua:

− Lá vai o poeta carregando tédios!

Deixai-me prosseguir de rua em lua.