No barco de um soneto eu te procuro
Por praias e avatares tripulantes,
Deixo de mim nos litorais amantes,
Contrabandeando sóis no porto escuro.
E dos remos sonoros que seguro,
Faço a canção das ilhas mais distantes,
E num ritual de ventos navegantes
Clamo por ti em tempos de futuro.
Sinto que a vida passa e deito sondas
Que vão medindo em mim as profundezas
Dos céus que fui tragando em minhas ondas;
E na procura desse desatino,
Vou gritando ao sabor das correntezas:
− Meu barco, meu soneto, meu destino!