reinaldo bressani1 8085eNo dia 07 de julho de 2019, São Paulo iniciou sua tarde, mergulhada em tristezas, tomada por um profundo sentimento de dor. Por um cinza enegrecido de saudades, recobrindo céus e corações; por um silêncio tétrico, provocado pelo calar da voz que mais cantou esta cidade, em prosa e versos. Deixou-nos Paulo Bomfim – o príncipe dos poetas brasileiros. Amado “paulistano da gema” e de estirpe bandeirante. Exemplo a todos, de cultura, lhaneza e generosidade. Também, um referencial de dignidade.

São Paulo chora seu poeta, que nos ensinava que através dos versos “o divino se humanizou, ao mesmo tempo em que o homem se divinizou”. O poeta que, igual uma poça de água cristalina, passou sua vida refletindo estrelas ao infinito e, em razão disso, hoje, sua alma, qual o êxtase, é, também, gravidez de eternidade e, por ela, o universo palpita rituais de amor, pois, se foi ele, flor que murchou, dela legou-nos excepcional perfume.

Em vida, suas miragens foram passos que nos ofertaram a beleza da poesia deixada em pergaminhos da verdade. Filosofando, ele nos afirmava que “tudo aquilo que não volta, existe”. E hoje se pode constatar essa verdade, pois, ele próprio continua existindo entre nós através de seus poemas que transcendem sua própria morte, quais peregrinos sonhos clandestinos - presença de eternidade eivada de amor, sob véus de sabedoria. E, aos olhos da saudade encarnada em nós, restou, tão só, o jardim encantado onde o poeta cultivava seu lirismo - suas flores.

Razão pela qual e, em função de seus próprios ensinamentos, pode-se afirmar que a selvagem universalidade de Paulo Bomfim nos presenteou com a beleza inaudita de sua cósmica natureza iluminada – templo de suas gestas e messes de glórias.

E mais. Que em seu delírio de comunicador, revelou-se um grande alquimista, quando, juntando palavras, deu-lhes o sentido da alma, com o poder da magia dos versos, através dos quais, revoava a liberdade do seu pensamento.

Por isso, sua figura garbosa e gentil haverá de continuar para sempre na memória dos paulistanos e brasileiros, cuja alma seleta cultua o melhor da arte poética.

Vai poeta! Segue o seu rumo pela eternidade de sua messe – hoje, deliciosos frutos aos corações daqueles que não o esquecem. Nem haverão de esquecer jamais.