Sergipe sempre falou de perto ao meu coração.
Procurando professar a religião da bondade de Martins Fontes, filho do Dr. Silvério Martins Fontes, médico sergipano, de Cleómenes Campos, mestre em lirismo, ou mergulhando orficamente no universo de Santo Souza, Aracaju, tão distante e tão próxima, acompanha-me os passos.
No Largo de São Francisco, declamando o “Canto de Glória da Faculdade de Direito” de Oliveira Ribeiro Neto, descendente de sergipanos, ou cantando o “Hino Acadêmico”, letra do estudante sergipano Bittencourt Sampaio musicada pelo gênio de Carlos Gomes, transporto-me para a terra de Silvio Romero, João Ribeiro e Hermes Fontes.
Quando José Malanga compõe ao violão, sob a bênção das Arcadas, canção entoada pelas gerações de estudantes, inspira-se em página do livro “Dias e Noites” de Tobias Barreto, dedicada aos moços que se alistavam para lutar no Paraguai:
“Quando se sente bater
No peito heróica pancada,
Deixa-se a folha dobrada
Enquanto se vai morrer.”
E desse Sergipe cantado e amado pelos paulistas, chega a mensagem poética de Carlos Ayres Britto, Ministro que ministra sabedoria e ternura e faz de sua vida exemplo que vai rareando em nossos dias.
Quando nos conhecemos, tive a certeza que aquele encontro era predestinado reencontro.
A sensação de familiaridade persiste e a distância une ainda mais a fraternidade advinda do milagre da poesia, essa presença que acompanha Carlos Ayres Britto em votos, pronunciamentos, artigos, palestras, aulas e convivência.
Como é rara a coerência na jornada dos homens!
Carlos Ayres Britto personifica tal virtude. É aquilo que pensa, diz e escreve, e escrevendo vai se transformando no poema que se faz exemplo.
Com que alegria saúdo o surgimento de seu novo livro, transfusão de sangue dos vocábulos transubstanciados em ensinamentos que irão, através do amor e da esperança, exorcizar a anemia espiritual de nossos dias.