O Conselho Estadual de Cultura, por mim dirigido nos anos 70, dentro das comemorações do Cinqüentenário da Semana de Arte Moderna, patrocinou um filme de Carlos Augusto Calil sobre Blaise Cendras.
Trinta e um anos mais tarde, a figura do colecionador de aventuras volta a se encontrar comigo através das informações que Carlos Celso Orcesi da Costa me fornece sobre sua fazenda Morro Azul, cenário do romance “La Tour Eiffel Siderále” publicado por Cendras em 1949.
“C’est la fazenda de l’Empereur, elle est tout en marbre, il n’y a pas d’autre pareille dans tout le Brésil”.
O local que recebeu duas vezes a visita de D. Pedro II, está também presente no poema que Oswald de Andrade a ela dedica no livro “Pau Brasil”.
“Passarinhos
Na casa que ainda espera o Imperador
As antenas palmeiras escutam Buenos Aires
Pelo telefone sem fios
Pedaços de céu nos campos
Ladrilhos no céu
O ar sem veneno
O fazendeiro na rede
E a Torre Eiffel noturna e sideral”
Foi contemplando aquele céu estrelado que Luiz Bueno de Miranda descobre em 1914 a constelação que batiza com o nome de “La Tour Eiffel”, em visão profética da contra-ofensiva do Marne que se dava naquele exato momento.
Essa descoberta que seria motivo de comunicado de Camille Flamarion à Sociedade Astronômica de Paris, é também mencionada pelo Professor Adrian Roig em trabalho publicado na Universidade de Montpellier.
Morro Azul e seu firmamento fazem parte da literatura universal.
O achado sideral do fazendeiro paulista Luiz Bueno de Miranda, astrônomo amador apaixonado, também, pela estrela Sarah Bernhardt, brilha sobre a casa-grande, as palmeiras e o jequitibá de cinco séculos da propriedade fundada pelo Brigadeiro Jordão.
Ali, a História e a lenda se amam em paz.