A vinda do Dalai Lama ao Brasil merece ser recordada. As dificuldades criadas pela China, via Estados Unidos, para que ele permanecesse apenas três dias entre nós foram esquecidas pela mídia. Meu protesto ante esse absurdo e outras raras manifestações de repúdio face a mais essa aberração da política internacional, resultaram na dilatação do prazo de sua permanência.

É curioso, mas um homem sozinho faz ruir não o muro, mas a muralha da China!

Em São Paulo, hospeda-se no Mosteiro de São Bento, onde sua presença ainda hoje é lembrada com saudade e respeito.

Lia Diskin, Presidente da “Palas Athena”, pede-me para saudar o visitante em nome da cidade de São Paulo.

Quando chega ao Ibirapuera, acompanhado de pequena comitiva, ao cumprimentá-lo digo que estava aprendendo a viver com Milarepa, o santo tibetano, e a morrer com o “Livro dos Mortos do Tibet”.

Em sua comitiva, sou apresentado por Ruth Escobar a Shirley MacLaine que o acompanhava anonimamente.

O Dalai Lama pede para nos sentarmos a seu lado. Minha saudação vertida para o inglês foi apresentada a ele.

Falei a um público que lotava as arquibancadas do estádio.

Milhares de pessoas, devotamente rodeavam o Dalai Lama que depois se retira sob uma chuva de flores e de aplausos.

À saída minha mulher indaga:

- Quem era aquela senhora com quem você estava falando o tempo todo?

- Era a Shirley – respondi.

- Que Shirley?

- A Shirley MacLaine.

- Ora, Paulo, deixe de brincadeira – arremata Emy, dando o assunto por encerrado.